quarta-feira, 2 de novembro de 2011

8 # Carta para uma saudade


Esta é talvez a carta mais difícil que já escrevi em toda a minha vida, custa-me tocar num assunto do qual nunca antes falei, que guardei para mim e aqui ficou adormecido. Passaram 6 anos desde que partiste sem me dares tempo para despedir, partiste para o lugar mais pacifico do mundo, onde eu sei que estás em paz, mas não o consigo aceitar, não consigo aceitar que me tenhas deixado sozinha na inocência da infância, o momento da minha vida em que sempre sonhei ter-te a meu lado para me contares as historias da tua vida das quais eu tirava sempre uma moral, com as quais eu aprendia a agir e a evitar certas acções. Sei que não te posso culpar por esta ausência, não posso culpar ninguém, é uma coisa natural e normal na humanidade, mas magoa, magoa imenso. Desculpa, desculpa não ter estado ao teu lado no último minuto, não ter ido à tua última homenagem e não te ter dado um último beijo mas não consegui, era pequena e não tinha a força que tenho hoje, não aguentaria estar a ver-te naquela situação e também não me deixariam faze-lo. Tenho imenso orgulho em ti, foste a pessoa mais forte que já conheci, apesar de todas as consequências que a tua doença te trazia sempre mantiveste um sorriso na cara, o teu sorriso, o melhor sorriso e vê-lo fazia-me acreditar que não me deixarias assim tão cedo mas, infelizmente, enganei-me. Se olhares bem no horizonte, o mar e o céu, mesmo a anos-luz de distância acabam por se unir, eu acredito que ainda vou conseguir segurar novamente a tua mão, ainda te vou poder abraçar novamente e dizer que te amo mas, até esse dia chegar, nunca deixes de me guardar. És e sempre serás o meu orgulho, tal como eu era o teu. Amo-te avô.

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