terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Presente.


Comparar-te a objectos, climas, musicas, tornou-se o meu passatempo preferido, pode parecer ridículo mas é uma forma que eu encontrei de te sentir mais perto de mim, de sentir a tua presença diária, pela qual tanto anseio. Dou por mim a olhar pela janela, a observar o horizonte enquanto, num volume baixo, escuto aquela “nossa” música. Os pingos de chuva cada vez caiem com mais intensidade, parecem tão frágeis, mas, mesmo assim, ao terem um contacto com o vidro, da janela, deixam a sua marca, o seu caminho, tal como tu o fizeste. Com a tua fragilidade conseguiste tocar no meu coração e ao saíres dele deixaste vestígios da tua, tão curta, passagem. Ao longe vejo um clarão, um relâmpago (talvez), a música pára, a luz apaga-se e passa apenas a ouvir-se o barulho da chuva, no momento em que partiste ficou tudo às escuras, deixei de ver o meu caminho, deixei de ter a tua voz como melodia do meu dia-a-dia, o único som que ficou, e está, presente na minha memória foi os teus passos a afastarem-se cada vez mais e mais. Ao voltar a acender-se a luz, vê-se o rasto de destruição que a chuva deixou, hoje, voltei a ver o meu caminho, deixei de lutar contra a escuridão para lutar contra o medo, passei a pensar antes de dar cada passo, não quero voltar a ficar na escuridão, tenho medo, muito medo.
«Posso não estar presente no teu futuro, mas no teu passado deixei uma marca»

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